quarta-feira, 18 de abril de 2012


                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                               




 Igreja Evangélica Assembléia de Deus – Recife / PE
           Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
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                        LIÇÃO 04 – ESMIRNA, A IGREJA CONFESSANTE E MÁRTIR

     INTRODUÇÃO.
Nesta lição, obteremos informações históricas a respeito de uma das sete cidades da Ásia – Esmirna.
Analizaremos o significado do seu nome, sua localização, população e religião. Veremos ainda como o evangelho
chegou a ela, qual o principal pastor que apascentava aquela igreja e o seu perfil espiritual aos olhos de Cristo. Por fim,
destacaremos pormenorizadamente as exortações feitas aos cristãos provados daquela igreja, quanto aos sofrimentos
que ainda estavam por vir e a recompensa que Cristo lhe prometeu se permanecessem fiéis até a morte.

        I – CONTEXTO HISTÓRICO DA CIDADE.
É necessário destacar aqui algumas informações à respeito da cidade de Esmirna, a fim de compreendermos
melhor a mensagem de Cristo a ela dirigida. Vejamos algumas:
1.1 Nome: O nome “Esmirna” significa “mirra”, uma substância amarga, porém, extremamente odorífera, usada como
perfume e muitas vezes para unção de cadáveres para propósitos aromáticos. Atualmente ela é chamada Izmir. Esta
cidade desenvolveu-se até tornar-se uma das mais prósperas cidades da Ásia Menor, ao ponto de ser chamada de
Coroa da Ásia. Sob o domínio do Império Romano era famosa por seu esplendor e pela magnificência de seus edifícios
públicos, e era um centro de ciência e medicina;
1.2 Localização: Esmirna é uma cidade da província romana da Ásia, e está a 80 km ao noroeste de Éfeso, na praia do
mar Egeu, dentro da atual Turquia Asiática;
1.3 População: No tempo que o apóstolo João escreveu esta carta, a cidade de Esmirna contava com uma população
de duzentos e cinquenta mil habitantes, aproximadamente;
1.4 Religião: A idolatria estava presente na cultura da cidade, pois havia um rio chamado Meles, que era adorado em
Esmirna. E, como colônia de Roma, praticava-se ali o culto ao imperador.

      II – COMO ERA A IGREJA DE ESMIRNA.
Conforme podemos entender do segundo tratado de Lucas, o médico amado, o evangelho provavelmente
chegou a Esmirna quando Paulo vinha de Éfeso: “E durou isto por espaço de dois anos; de tal maneira que todos
os que habitavam na Ásia ouviram a palavra do Senhor Jesus, assim judeus como gregos” (At 19.10). Portanto,
Esrmina é uma das sete igrejas da Ásia, a quem Jesus Cristo enviou uma carta por intermédio do apóstolo João a fim de
transmitir-lhe uma mensagem específica (Ap 1.4,11). Quando João escreveu a igreja de Esmirna, Jesus revelou-lhe o
seu estado. Vejamos o que ele disse:
2.1 O remetente. Antes de tecer comentários sobre a igreja que estava em Esmirna, Jesus Cristo, o remetente da carta,
se revela de uma forma bem especial, dizendo: “E ao anjo da igreja que está em Esmirna, escreve: Isto diz o
primeiro e o último, que foi morto, e reviveu” (Ap 2.8). O Mestre mostra para a sua igreja que como Deus, Ele é
Eterno (o primeiro e o último) e, como homem, é imortal: (foi morto, e reviveu);
2.2 “Ao anjo da igreja”. Provavelmente o anjo, ou seja, o pastor desta igreja pode estar indicando uma referência a
pessoa de Policarpo; esse pastor nasceu em (69 d.C.), e morreu em (155 d.C.). Segundo registros históricos, ele foi
discípulo do Apóstolo João, homem muito consagrado e o “principal pastor” da igreja de Esmirna durante o exílio de
João em Patmos. Ele foi martirizado ao ser levado perante o governador e instado a negar a sua fé e o nome de Jesus,
mas ele respondeu: “oitenta e seis anos o servi, e somente bens recebi durante todo tempo. Como poderia agora
negar ao meu Senhor e Salvador?” (HURLBUT, p. 65). Policarpo foi queimado vivo;
2.3 “Eu sei”. Embora João, o escritor da carta, não estivesse presente no dia a dia da igreja, o Senhor estava. Pois ele
identifica-se, como “aquele que anda no meio dos sete castiçais de ouro” (Ap 2.2), como ele mesmo prometeu (Mt
18.20), por isso para todas as sete igrejas da Ásia ele diz: “Eu sei”. Ele começou a relatar o perfil da Igreja, pois Ele é
onisciente (tem todo conhecimento);
2.4 “As tuas obras”. A expressão “obra” do grego “ergon” significa: trabalho, ação, ato. É extremamente importante
ressaltar que o cristão não é salvo pelas obras (Ef 2.8,9), no entanto é salvo para as obras (Ef 2.10). O apóstolo Paulo
ensinou que somos justificados pela fé (Rm 5.1), porém Tiago também ensinou que a fé sem obras é morta (Tg 2.17).
Sem dúvida alguma, não existe contradição em ambas as declarações. Muito pelo contrário, elas se completam
perfeitamente. Afinal de contas, um verdadeiro cristão que crê no Senhor Jesus Cristo, demonstra sua verdadeira fé com
obras. Tal qual Abraão que primeiro creu e isso lhe foi creditado como justiça (Gl 3.6), mas que aperfeiçoou a sua fé
quando obedeceu à voz de divina (Tg 2.22-24);
2.5 “E tribulação”. No grego, o termo tribulação, é “thlipsis” que significa “pressão”, derivado de “thlibo”, que tem o
sentido geral de “pressionar”, “afligir”. Jesus não era insensível as perseguições que os cristãos daquela igreja estavam
enfrentando, tanto externas (por meio dos romanos), quanto internas (pelos que se diziam judeus). Tal como a mirra,
que como vimos tem sabor amargo, porém é cheirosa. Os crentes de Esmirna estavam experimentando a amargura da
tribulação (Ap 2.9), todavia, seu testemunho era como um bom perfume que exalava às narinas de Deus (Ap 2.10);
Afinal de contas o sofrimento na vida cristã testa a qualidade da nossa fé como o ouro que o fogo prova: “Para que a
prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e
honra, e glória, na revelação de Jesus Cristo” (I Pe 1.7);
2.6 “E pobreza, mas tu és rico”. Os crentes de Esmirna eram pobres, não por falta de trabalho, mas devido às
perseguições que sofriam. Suas propriedades e bens foram confiscados pelo poderio romano, e além de tudo, esses
servos de Deus, ainda sofriam encarceramento, por se oporem ao paganismo presente na cidade. No entanto, está
declarado na confissão de Cristo, que eles eram ricos. Podemos nos perguntar: em que? Nas riquezas espirituais. Eles
eram de fato ricos: nas obras, na fé, na oração, no amor não fingido, na leitura da Palavra de Deus. Estas coisas diante
de Deus, se constituem, do ponto de vista do cristianismo as riquezas da alma (Mt 6.20; 1Tm 6.17-19).

      III – EXORTAÇÕES E PROMESSAS FINAIS.
Podemos perceber nas palavras dirigidas por Jesus a igreja de Esmirna que ela, tanto como a igreja de Filadélfia não
receberam nenhuma reprovação. No entanto, mesmo sendo elogiada, foi exortada a manter-se fiel (Ap 2.10). Por fim,
Cristo lhe faz promessas consoladoras a fim de recompensar aos que vencerem (Ap 2.10,11). Vejamo-nas
detalhadamente:
3.1 Cristo prevê que um sofrimento maior estava por vir. Podemos perceber claramente na declaração de Cristo que
apesar da igreja estar sofrendo no presente: “eu sei a tua tribulação”, estaria também enfrentando um sofrimento
futuro, no entanto, foi estimulada a não temer: “Nada temas das coisas que hás de padecer” (Ap 2.10). Na verdade,
Jesus nunca prometeu uma vida isenta de dores e provações aos seus discípulos (Jo 16.33), muito pelo contrário,
sempre advertiu que os que seguissem deveriam levar a cruz (Mt 16.24). Porém, Ele prometeu estar conosco em todo
tempo: “e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos” (Mt 28.20-b);
3.2 Cristo prevê qual seria o tipo de sofrimento. O texto nos fornece a informação de quem estava por trás da
perseguição e qual seria o sofrimento experimentado pelos cristãos de Esmirna: “Eis que o diabo lançará alguns de
vós na prisão, para que sejais tentados; e tereis uma tribulação de dez dias. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a
coroa da vida” (Ap 2.10). As perseguições promovidas pelos romanos àquela igreja, com a ajuda dos judeus (os que se
dizem), foram obras de Satanás. Sob alegação de que os cristãos de Esmirna estavam “traindo” o imperador, houve um
encarceramento em massa, e a seguir o imperador ordenou o martírio de muitos daqueles. Segundo historiadores, em
uma só catacumba de Roma foram encontrados os remanescentes ósseos de cento e setenta e quatro mil cristãos,
aproximadamente;
3.3 Cristo prometeu galardoar os vencedores. Todo o sofrimento e provação que aqueles fiéis seguidores de Cristo,
estavam enfrentando, segundo o próprio Jesus, teriam uma recompensa: “Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da
vida” (Ap 2.10). Assim como Cristo usou a coroa de espinhos (Mt 27.29) e depois a coroa de glória (Hb 2.9).
Semelhantemente, os cristãos passariam pelo sofrimento para depois receberem dele a coroa, prometida a todos aos
que o amam (Tg 1.12). Esta esperança também ardia no coração do apóstolo Paulo (II Tm 4.8). A expressão “coroa” do
grego “sthepanos” diz respeito a um prêmio ou recompensa dado como símbolo de triunfo nos jogos ou competições. A
Escritura denomina esta recompensa de coroa da vida (Ap 2.9); coroa da justiça (II Tm 4.8); coroa de glória (I Pe
5.4). Por isso, os cristãos foram incentivados a resistirem o pecado até a morte, cientes de que, o verdadeiro prejuízo
não era a morte física, mas a espiritual, da qual eles já estavam livres, pelo sacrifício de Cristo: “Na verdade, na
verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará
em condenação, mas passou da morte para a vida”. (Jo 5.24).

CONCLUSÃO.
Como pudemos ver, a cidade de Esmirna desfrutava de uma grande prosperidade material; no entanto a igreja
de Cristo naquele lugar, por se opor as práticas pagãs, sofria: pobreza, perseguição e até morte. Isto fez com que Jesus
lhes enviasse uma pequena carta, a menor em comparação com as outras, porém, grande em conteúdo, pois confortava
aqueles cristãos que, apesar de pobres, eram ricos; mesmo perseguidos deveriam permanecer fiéis; e ainda que
morressem, morreriam apenas fisicamente, pois seriam vencedores dignos da coroa da vida (Ap 2.11). Que possamos
ter estes cristãos como um exemplo de que, mesmo passando por grandes sofrimentos, por amor a Cristo, devemos
permanecer firmes e inabaláveis, imitando a perseverança do nosso Senhor, que pelo gozo que lhe estava proposto tudo
suportou (Hb 12.2).
REFERÊNCIAS
• MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo. SBB
• HURLBUT, Jesse Lyman. História da Igreja Cristã. VIDA
• DOUGLAS, J.D. O novo dicionário da Bíblia. VIDA NOVA
• VINE, W.E et al. Dicionário Vine. CPAD
• SILVA, Severino Pedro da. Apocalipse versículo por versículo. C